after all this time (...) #15
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Apesar de tudo, a preocupação nunca me largava. E quando digo nunca, é mesmo nunca.
Estava constantemente preocupada com quem deixei...estaria bem, estaria a sofrer muito? E apesar de saber que a resposta seria, quase de certeza, afirmativa, rezava para que ficasse bem. Torcia para que doesse um bocadinho menos a cada dia. Pedia para que fosse muito feliz. Que encontrasse quem lhe pudesse dar o que eu não pude.
Pedi muito.
Porém, não posso esconder que a ausência doía muito. Dói.
Não poder dizer-lhe uma palavra.
Não poder dizer-lhe que me lembrava dela a cada pequenez que alguma vez partilhámos.
Os filmes do Harry Potter não eram os mesmos;
Nunca mais vi o "Moulin Rouge";
A Teoria do Big Bang não tinha a mesma graça;
Ir a uma praia era sempre estranho.
Tantas e tantas outras coisas tão nossas.
A impossíbilidade de uma amizade matou-me por dentro.
"Tu mereces", penso.
(...)
Foram semanas, meses de dúvidas. De angústias. De crises de choro seguidas de certezas absolutas minadas de réstias de incertezas que (eu) transformava em verdades.
Os "nós" que sentia na garganta aliviaram durante algum tempo. Tempo suficiente para acreditar que o caminho por mim traçado era o meu caminho. Que estava certa.
Cada passo que dava era arrancado a ferros, e continuava a dizer a mim mesma que estava onde queria e devia estar.
Olhava para trás e sustinha a respiração. Parecia tudo tão surreal. Como tinha chegado ali?
(...)
Por fim, fechei a porta...
Parecia um alivio, no entanto não o sentia assim.
Sentia-me egoísta. Má. Vazia. Dividida.
Podemos nós definirmo-nos apenas por um acto? Porque a partir dali só me consiguia definir por aquela pessoa. A pessoa que deixou tudo para trás. A que magoou. A que errou.
É engraçado como um único acto nos pode marcar para todo o sempre, mudar completamente a nossa essência. Como se fosse uma implosão do nosso ser...sem possibilidade de voltar atrás.
E é.
(...)